A física no futebol
Você pode não aprender a jogar bola estudando Física. Mas pode aprender
muita Física observando um jogo de futebol. O esporte nos demonstra uma fonte
variada de estudos ligados a conceitos de física.
A crise do arrasto
O ar exerce uma força de arrasto sobre a bola de futebol, que se opõe ao
movimento, e cresce, se a velocidade da bola aumenta. Entretanto, a 60 km/h, a
resistência do ar sofre uma queda dramática, e só volta a crescer acima dos 80
km/h: é a crise do arrasto.
Ao passar pelo ar, a bola cria à sua frente uma região de alta pressão,
e deixa atrás uma esteira de baixa pressão. A diferença de pressões causa a
força de arrasto. Para baixas velocidades, o fluxo de ar em torno da bola é
laminar e a zona de baixa pressão cobre todo o hemisfério posterior. Acima de
60 km/h, o fluxo de ar torna-se turbulento, o que estreita a zona de baixa
pressão e diminui a força de arrasto.
O efeito Magnus
Se a bola estiver girando, o ar vai empurrá-la em uma direção
perpendicular ao eixo de rotação e à velocidade: é a força de Magnus. A bola
gira no sentido horário e joga o ar para baixo; a força de Magnus é a reação do
ar, que empurra a bola para cima.
O gol que Pelé não fez
Copa de 1970, no México: Brasil x Tchecoslováquia – Pelé, no meio de
campo, vê o goleiro tcheco adiantado, e arrisca um chute famoso. O desfecho da
jogada foi descrito por Nelson Rodrigues: “E, por um fio, não entra o mais
fantástico gol de todas as Copas passadas, presentes e futuras. Os tchecos
parados, os brasileiros parados, os mexicanos parados – viram a bola tirar o
maior fino da trave. Foi um cínico e deslavado milagre não ter se consumado
esse gol tão merecido. Aquele foi, sim, um momento de eternidade do futebol”.
A bola partiu a 105 km/h, girando a 7 rotações por segundo. A crise do
arrasto ocorreu no ponto marcado sobre a trajetória. A partir daí, a
resistência do ar ficou muito maior. Se não existisse a crise do arrasto, a
bola chutada por Pelé nem conseguiria chegar à grande área.No chute de Pelé, a força
de Magnus apontava para cima, dando sustentação à bola. Se não estivesse
girando, a bola mal chegaria à grande área. Sem a influência do ar, como no
vácuo, a trajetória teria a forma parabólica prevista por Galileu. E a bola
cairia longe do gol! Este resultado surpreendente mostra que a aerodinâmica fez
a bola de Pelé ir mais longe demostrando claros conceitos físicos que se
aplicam na situação.
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